Como principais pólos de atracção
turística desta freguesia destacamos as magníficas
paisagens das arribas do Douro e a praia fluvial do Juncal.
O visitante pode, ainda, optar por uma viagem de barco.
O acesso à freguesia de Peredo da Bemposta é
feito através do IP 4 até à saída
para Macedo de Cavaleiros, percorrendo a Estrada 216
em direcção a Mogadouro. Depois de Mogadouro,
em direcção a Miranda do Douro, o visitante
deve virar em Santiago e seguir a estrada até
ao final.
O visitante poderá ainda contemplar o rico património
arquitectónico desta freguesia, destacando-se:
A Igreja Paroquial
Diz-se
ser um Templo de características medievais do
qual não se tem referência da época.
Ao longo dos tempos, a igreja foi ficando arruinada
sendo também de pequenas dimensões para
o crescimento da população, desta forma
no ano de 1782 começa o processo, para a reconstrução
da igreja. A qual fica situada a Norte da povoação,
em lugar suficientemente elevado.
É um templo de uma só nave com forma
de sala rectilínea sem arcos diafragma. A separar
a nave da capela-mor existe um arco triunfal e do lado
do Evangelho fica a Sacristia.
Na sua forma arquitectónica, a capela-mor mantém-se
como construída, há duzentos anos.
O solo da capela está construído de pedra
granítica lavrada e as paredes são de
alvenaria cobertas ou rebocadas com cal e branqueadas.
Ainda no solo resiste o supedâneo com seus degraus
sobre o qual assenta o retábulo do altar-mor
e a mesa do mesmo.
Do lado da Epistola encontra-se uma janela com seu arco
escarçano de forma meio abatida, tem por finalidade
iluminar a capela-mor e o retábulo. Mantém-se
com a grade de ferros cruzados e a vidraça como
foi construída há dois séculos.
O arco triunfal, que separa a nave da capela-mor,
tem a forma usual que existe nestas igreja da região
tem um pé direito que segura um capitel que serve
de imposta embora não muito saliente mas bem
à maneira neoclássica, pertencente à
ordem Toscana e assente também em base Toscana
simples mas bastante bem trabalhada.
Do lado do evangelho estão dois retábulos
de talha pouco artística e mais ou menos a meio
da igreja está o púlpito com um estrado
de pedra assente numa mísula barroca e com grades
de madeira em forma de balaustres.
Ao fundo da igreja, do mesmo lado, situa-se dentro
de um gradeamento de madeira o baptistério. A
nave tem um coro alto de madeira com balaustres.
Do lado da epistola encontram-se mais dois retábulos
de talha rocailhe bastante pobre sobre um dois quais
se encontra uma janela de forma escarçana com
um dintel em forma de arco abatido como a janela da
capela-mor.
O solo da nave é de cantaria lavrada em blocos
de pedra granítica e o tecto foi todo remodelado.
A torre fachada segue a forma tradicional das igrejas
do concelho de Mogadouro.
A torre fachada é composta por dois pisos distintos:
O piso inferior tem no centro a portada principal com
o dintel em forma de arco abatido com uma fina arquivolta
sobreposta em forma de cornija fina pouco saliente.
Este dintel assenta em jambas apilaradas que parecem
da ordem Toscana, mas bastante popular.
Sobre a portada está aberto um óculo
de pequeno perímetro que coa a luz para o coro
alto. Sobre as pilastras ou cunhais do primeiro piso
da fachada encontram-se duas pirâmides assentes
em pedestais, estas pirâmides parecem próprias
do tempo da segunda metade do século XVIII.
Entre as duas pirâmides e o campanário,
dois trocos da cornija em posição oblíqua
formam uma espécie de frontão quebrado
no centro do qual assenta o campanário em dois
vãos em forma de arco de meio ponto onde estão
colocados os sinos.
A coroar o Campanário há um entablamento
com um friso bastante fino com sua Cornija saliente
de esquina viva, Sobre o entablamento assentam, dos
lados, nos extremos duas pirâmides da mesma forma
das do primeiro piso. No centro da torre encontra-se
a Cruz assente em sua peanha de característica
ainda barroca, coroando todo o conjunto arquitectónico
da fachada.
As paredes laterais do corpo da igreja terminam em fortes
cunhais ou pilastras junto da capela-mor.
O exterior das paredes da Capela-mor mantém a
originalidade da sua construção, o frontão
ou empena mantém a Cruz como coroamento no ângulo.
Igreja de Algosinho
A
Igreja de Algosinho, Igreja de Santo André situa-se
a nascente da povoação de Algosinho, freguesia
de Peredo da Bemposta. A sua época de construção
provavelmente remonta ao século XIII, no decurso
da Idade Média, apresenta uma arquitectura religiosa
românica, no entanto são visíveis
elementos característicos do gótico, nomeadamente
na utilização do arco quebrado.
A sua planta longitudinal é composta por uma
nave rectangular, com cobertura em madeira de duas águas
e a capela-mor de planta quadrangular, na sua divisão
podemos visualizar o arco triunfal em arco apontado,
assente em impostas salientes.
As fachadas da nave, em cantaria, de aparelho isódomo
(regular), escassamente fenestradas, são rasgadas
por portais de arco apontado. Na fachada frontal, voltada
para Oeste de acordo com as normas canónicas
da época, podemos visualizar um portal de arco
quebrado de três arquivoltas que assentam em impostas
lisas e chanfradas. Sobre o portal ressalta uma rosácea,
inserida numa moldura reentrante, com o desenho de uma
hexalfa (estrela de seis pontas) ou estrela de David
e dois motivos circulares. As quatro mísulas
visíveis na fachada principal sustentariam um
primitivo alpendre. A fachada é rematada por
uma empena triangular, truncada por uma sineira em arco
pleno e encimada por cornija com cruz no vértice.
A cornija que se prolonga pelas fachadas laterais
da nave assenta sobre cachorrada com uma decoração
que invoca motivos antropomórficos (humanos)
e zoomórficos (animais). Ao longo das fachadas
laterais são visíveis diversas siglas,
as marcas dos pedreiros que construíram a igreja
de Algosinho na época medieval.
No interior a nave está dividida em três
tramos definidos por amplos arcos de volta perfeita,
assentes em falsas pilastras, com impostas salientes,
no exterior estes arcos são apoiados por contrafortes.
O acesso ao interior do templo faz-se descendo por uma
escadaria de doze degraus, conferido o aspecto de uma
cripta e interiormente mais alta que no exterior (DGEMN,
l 972), tendo sido aproveitados os afloramentos graníticos
para criar os níveis de circulação.
No lado do Evangelho podemos apreciar a pia baptismal
de talhe românico, de taça hemisférica
assente em pequena base cilíndrica.
No terceiro tramo, após as obras de restauro
surgiram dois frescos pintados em gesso com a imagem
de dois santos, do lado do Evangelho S. Bartolomeu e
do lado da Epistola Santa Catarina. Neste tramo podemos
apreciar o púlpito de origem barroca datado de
1797.
A actual capela-mor veio substituir a primitiva abside.
A capela-mor de paredes rebocadas e pintadas de branco
com pavimento lajeado e cobertura de madeira, nos lados
abrem-se janelas setecentistas.
É na Capela-mor que podemos apreciar o retábulo
de talha em branco, de primitiva douragem, que deve
datar do século X\/I. Compõe-se em dois
andares, cada um deles dividido por quatro colunas,
de capitéis clássicos, fustes estriados
e com decoração vegetalista na parte inferior
formando assim três corpos em cada um dos andares,
com pinturas alusivas ao ciclo do Nascimento do Menino
Jesus e no rodapé pinturas que representam diversos
santos. É um retábulo que adopta como
estilo artístico o maneirismo.
No lado da Epistola, encostada à capela-mor
surge a sacristia setecentista. Para concluir colocamos
a questão, de quem terá sido o responsável
pela construção do templo. Alguns autores
relacionam a Igreja de Algosinho aos Templários,
mas a sua construção ocorreu na centúria
seguinte à entrega do território à
Coroa portuguesa. Ficando assim por responder a quem
se deve a construção da igreja de Algosinho.
A sua importância está patente numa expressão
que lhe atribui grande antiguidade "É tão
velho como a igreja de Algosinho, que ninguém
sabe quantos anos tem” e acrescenta-se que os
da Vila de Bemposta vinham outrora aqui aos ofícios
divinos e que os clérigos ordenados, das proximidades
vinham dizer a primeira missa a Algosinho (DGEMN, l972).
A Igreja de Algosinho foi alvo de obras de restauro
e consolidação, nos anos 60 e 70 do século
XX, por parte da antiga Direcção Geral
de Edifícios e Monumentos Nacionais.
Necrópole de Santo André
AIgosinho (Peredo de Bemposta)
A
necrópole do Santo André de Algosinho,
situada na zona Ocidental da aldeia de Algosinho, pode
ser balizada Cronologicamente no período Histórico
da Idade Média (entre os Séculos XII e
XIII?).
Actualmente a necrópole de Santo André
é constituída por três estruturas
de enterramento visíveis escavadas no afloramento
rochoso granítico.
A primeira estrutura de enterramento é constituída
por duas sepulturas geminadas, uma de forma ovalada
e outra de forma sub-rectangular.
A segunda sepultura é de tipologia antropomórfica
(com forma humana), com uma configuração
trapezoidal.
Nesta sepultura, na parte da cabeceira, c visível
a almofada com os contornos de assentamento da cabeça
e dos ombros.
Na parte mais ocidental da arca da necrópole,
cavada numa fraga, encontra-se uma terceira sepultura
de contornos ovais, de dimensões mais reduzidas,
que estaria destinada ao enterramento de uma criança.
As três estruturas de enterramento apresentam
uma orientação canónica; a parte
da cabeceira esta orientada para Oeste, ficando a face
do defunto voltada para Este, olhando para o nascer
do Sol e a zona dos pés está orientada
para Este.
Esta orientação deve-se a uma questão
de fé cristã. Podemos usar os seguintes
argumentos: no decorrer da Idade Média, os cristãos
consideravam-se filhos de Deus, e consideravam-se filhos
da luz, sendo importante que o defunto ficasse voltado
para a terra da luz e de costas voltadas para Oeste
que é a região das trevas, do demónio
de frente para a região da luz. Poderíamos,
ainda, tocar outros argumentos justificativos para a
orientação Oeste – Este {Vicente
Campos, 1997).
Em termos sócio económicos, podemos
talvez deduzir, que as pessoas sepultadas, em estruturas
cavadas na rocha eram pessoas com prestígio no
seio da sua comunidade e com posses económicas.
A construção deste tipo de sepulturas
exigia mão-de-obra especializada capaz de proceder
à construção de uma sepultura na
rocha. As sepulturas eram posteriormente tapadas por
lajes, podendo conter inscrições.
Nos costumes funerários da Idade Média,
devemos ter em conta a variedade de lugares em que se
podiam enterrar os defuntos. Estes locais de enterramento
podiam ser na própria casa ou no cemitério
paroquial; podiam ser localizados junto a igrejas, mosteiros
ou em locais isolados, se não houvesse uma igreja
(nos primeiros séculos da idade Média)
(Vicente Campos. 1997).
A necrópole de Santo de André de Algosinho
localiza - se junto a um caminho sendo também
prática criar estes locais de enterramento junto
a caminhos, para que quem por lá passasse, pudesse
prestar respeito aos defuntos.
De acordo com a lenda, que chegou aos nossos dias
através da oralidade, os antigos referem que
no local da necrópole existia uma capela dedicada
ao Santo André, não deixando de ser curioso
o facto de o local da necrópole ser denominado
por Santo André. Dizem que o Santo André,
que está no altar-mor da Igreja de Algosinho,
era a imagem que estava na suposta capela, que existiria
no local da necrópole.
Podemos referir que, durante a Idade Média, foram
construídas igrejas e capelas junto às
necrópoles de modo a santificar a área
das sepulturas.
Neste pequeno texto, foram referidas, de forma sucinta,
as estruturas de enterramento da Necrópole de
Santo André de Algosinho, bem como alguns costumes
das práticas de enterramento durante a idade
Média.
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